22 de setembro de 2014

1º MÊS PÓS-PARTO


EMOCIONALMENTE - Depois que minha mãe foi embora (ficou um pouco mais de 1 semana) e meu marido voltou à rotina de trabalho, eu me senti total e completamente sozinha.
É uma sensação de carência enorme. Parecia que o bebê era eu.

FISICAMENTE - Após o incômodo da cirurgia ter passado, o que restou de difícil foi o cansaço.
Cuidar de um bebê RN é maravilhoso porém cansativo. Não existe rotina, horários ou folga.
Toda hora é hora, e a hora quem escolhe é o bebê.

AUTO-ESTIMA - Eu emagreci os 10kg que engordei na gestação em 20 dias. Fiquei bem inchada até o final do 1º mês, mas confesso que ter emagrecido rápido me fez muito bem.
O importante é entender que seu corpo foi a moradia de um ser-humano por 40 semanas (no meu caso, 41). Nada mais justo que demore todo esse tempo para voltar ao normal.

RELAÇÃO MÃE-BEBÊ - Desde o 1º momento eu me apaixonei por aquele serzinho que tanto esperei. Mas amar e entender são coisas diferentes. Mesmo tendo todo o jeito de mãe, e ter pesquisado por horas a fio na internet sobre bebês e suas necessidades, eu tive momentos de total loucura e desespero. Principalmente quando o menino não dormia e eu nem sabia o porquê.
Uma dica? Mantenha a calma! Ninguém consegue pensar se ficar nervoso.

AMAMENTAÇÃO - A amamentação foi algo extraordinariamente agradável para mim desde o 1º instante.
Meu peito logo encheu de leite (e empedrou). Precisei ordenhar diariamente por vários dias até a produção se estabilizar.
Cuidei da pega correta e não tive grandes problemas.
A única dificuldade que tive foi fazer o bebê pegar o peito. Ele também estava aprendendo a mamar (assim como eu estava aprendendo a dar de mamar). Ficava nervoso porque estava com fome e não tinha paciência para procurar o peito.
Passei nervoso no começo ao vê-lo brigando tanto com o peito (literalmente brigando, dando cabeçadas e tudo!).

Sempre entendi e acreditei que o bebê não precisa de mais nada além do leite materno até os 6 meses e isso para mim foi essencial para que eu me mantivesse calma mesmo quando ele pedia para mamar de hora em hora.

RELAÇÃO MARIDO/MULHER - É essencial não esquecer que junto com você e o bebê está o seu marido. Ele até agora era o único bebezão da casa e agora o trono lhe foi roubado.
Tente entender o lado dele também. Um beijinho e um elogio mudam o dia de qualquer pessoa.

Seguindo essa linha de raciocínio, além de pai e mãe unidos e babões, continuamos um casal apaixonado e feliz, mesmo no período de resguardo.

RELAÇÃO COM AS VISITAS - Fui firme, direta e exigi: visita somente aos sábado com a presença do meu marido. Depois do almoço e antes do jantar.

O café quem servia era meu esposo (e somente um cafézinho viu?).

Todos tinham que lavar as mãos e passar álcool em gel logo em seguida para poder pegar o bebê.

Veio resfriado? Volte outro dia!

COM SAÚDE DE RECÉM-NASCIDO NÃO SE BRINCA!

Pedi que viessem somente após 15 dias. Alguns familiares vieram antes e confesso que apesar de a visita ter sido agradável, eu me incomodei um pouco com tanta gente.
Não pensei 2 vezes e pedi licença para me deitar. Foi a melhor coisa que fiz. Logo todos foram embora.


Meu 1º mês pós-parto não foi tão assustador, mas confesso que fico feliz de já ter passado, viu?

MINHA RECUPERAÇÃO PÓS-CESÁREA

Se eu fosse resumir toda minha recuperação pós-cirúrgica em 1 palavra, eu diria que foi TERRÍVEL (emocionalmente e fisicamente).

Foi ainda na maternidade onde fiquei horas com dor nas costas e sem conseguir mudar de posição por conta da cirurgia.

Após tirar a sonda e quase desmaiar nos braços da enfermeira, fiquei quase 24hs sem banho por não conseguir me levantar.

A sonda mexeu com meu aparelho urinário. Não senti vontade de urinar por quase 2 dias, o que me causou uma dor terrível na uretra e bexiga. Tomei banho sentada em uma cadeira de rodas, com a ajuda de uma enfermeira.

Passei toda minha estadia no hospital com dores terríveis e necessitando de ajuda até para ir ao banheiro.

OBS: eu tinha um bebê pra cuidar! Lembrem-se disto!

O caminho de carro da maternidade para casa foi regado por lágrimas e pedidos de socorro.
Ao chegar em casa, a 1ª coisa que fiz foi me deitar.

Minhas costas doíam demais por eu ter que ficar em 1 só posição. Tentei me virar de lado diversas vezes, mas os pontos doíam demais para eu conseguir.

Depois de 1 semana eu já conseguia andar ereta e ir ao banheiro/tomar banho sozinha. Mas ainda precisei de ajuda para me levantar e deitar por 15 dias seguidos.

Após os 15 dias, eu já conseguia fazer praticamente tudo sozinha. Mas o esforço (qualquer esforço mínimo, inclusive subir e descer escadas) sempre fez doer a área da cirurgia. E assim foi por um pouco mais de 1 mês.

Meu intestino ficou completamente bagunçado. Funcionava bem por uns dias e depois parava completamente, o que me causou grande desconforto.

Um relato curto e grosso pois quero alertar a todos que cesárea não deve ser uma opção.
É uma cirurgia de grande porte, e deve ser tratada como tal.

O que é essencial para quem passa por uma cirurgia??


- AJUDA!
Aceite ajuda de quem te oferece.
Ajuda para comida, casa, roupa e filhos mais velhos, o que for!

- Não se estresse!

- Descanse! 
Durma junto com o bebê, se possível.

- Alimente-se bem
Por diversas vezes eu passei mal (a ponto de quase desmaiar) por não me alimentar nos horários certos, ou com os alimentos certos.

- Beba muita, MUITA água. 
É essencial para a amamentação e o funcionamento do intestino.

-Use cinta.
Acabei não comprando cinta por achar desnecessário. Peguei uma emprestada e vi que ajuda muito! Dá segurança para se movimentar e dói menos a área do corte.

-Aproveite o tempo com seu bebê.
Não importa o que aconteceu. Se foi o parto que você queria ou não. Se você está com seu bebê saudável nos braços, respire, sorria, e aproveite. O tempo passa rápido!

26 de julho de 2014

RELATO DO MEU QUASE PARTO - PARTE 2

Se você não leu a parte 1, CLIQUE AQUI.

____

“Não sei o que aconteceu, Débora. Você está com os mesmos 5cm desde o último toque há 12hs atrás. E está com um edema.”

Eu não sabia se acreditava. Juro que vi tudo rodando. Perguntei de novo com quantos centímetros eu estava e ela me confirmou os 5.

Foi só ela sair da sala que eu desabei. Acho que nunca chorei daquele jeito. Eu não conseguia pensar, não conseguia sequer respirar. Quase 24hs de dor, e foi só nesse momento em que o pânico me atingiu (e é incrível como as dores ficam praticamente insuportáveis quando se está em pânico).

“Como assim 5cm? Fiquei 12hs com contrações para NADA?”
Vi minha doula tentando me abraçar, mas acho que me esquivei. Me lembro de tê-la visto chamar meu marido, e foi nessa hora que eu me agarrei. Foi agarrada nele que eu consegui respirar de novo.

Eu que tinha implorado para o meu esposo não deixar eu tomar anestesia, me vi implorando por uma.
Eu sabia que precisava. Não por causa da dor. Não por isso. A dor apesar de forte é completamente suportável. Mas eu estava há 2 dias sem dormir, e desde o dia anterior naquele hospital. PRECISAVA  dormir.

Foi aí que o 1º anjo apareceu na porta do banheiro, Drª Bruna Ortiz. Eu nem prestei atenção no que ela disse tamanha era a dor e o meu cansaço (obrigada por prestar atenção por mim, Malila).
Ela chegou lá para me explicar que se eu tomasse anestesia, precisaria colocar a ocitocina artificial.

Eu não queria isso. Fui lá para parir naturalmente. Sem sorinho, sem intervenções.
Mas eu não estava agüentando.

Fiz OBRIGADA o 2º exame de cardiotocografia. Quase morri sentindo contrações deitada. A pressão no ânus e a dor nas costas eram horríveis!
Olhos atentos ao monitor e mais uma vez, o coração dele estava perfeito.

Conversei com a Drª Bruna e disse que eu não estava pedindo anestesia por desespero. Eu realmente precisava descansar.

No meio no exame, eu cochilei por alguns instantes. Lembro de ter vontade de chorar, porque quando eu pegava no sono, vinha outra contração.

A enfermeira Estefânia voltou e estava com uma expressão diferente. Parecia que se sentia culpada e triste (soube depois que a Malila deu uma bronca nela, hahaha). Conversou comigo e me pediu para considerar a ocitocina e não desistir do meu parto.

“O que? Desistir? Eu não vou desistir!”

Eu não sei o que ela pensou. Mas em hipótese nenhuma eu pensei em desistir.

Tomei a anestesia e colocaram ocitocina.
Lembro da médica ter dito que colocaria uma dose bem baixa, somente para eu descansar, e que logo eu voltaria a sentir dor.
E foi o que aconteceu. Somente cochilei e voltei a sentir dores.

Fui novamente pro chuveiro e tomei um bom banho. Escovei os dentes, penteei o cabelo.
Estava feliz. Estava descansada e pronta para parir.

Já tinha sol lá fora e lembro do meu marido comentando que dava pra ver o Cristo Redentor da nossa janela.

A Drª Bruna fez outro toque e disse que o edema tinha sumido e que eu estava com 6cm/7cm de dilatação.

Fiquei tão feliz!  Nem acreditava!
Foi nesse momento que eu prestei atenção na Drª. Lembro de como eu fiquei impressionada com seu tom de voz. Nunca vi um médico com um tom tão calmo e tranqüilizador.

Horas depois conheci o 2º anjo, Drª Júlia Fatorelli.
“Tão simpática, tão bonita” foi o que eu pensei.

Malila me deu um tapinha e disse que eu era muito sortuda. Peguei o melhor plantão da MMA.

Depois de um tempo a Drª Bruna voltou dizendo que ia terminar de romper minha bolsa para melhorar a passagem do bebê.
Disse que estava com quase 8cm e que estava tudo indo bem.

Foi quando ela tirou a mão e olhou a luva com uma expressão observadora. Lembro de ter reparado, mas pensei ser só sangue e não me preocupei.

Momentos depois ela volta com a Drª Júlia e me dá a notícia.

“Débora, vimos mecônio ao fazer o toque. Você já está há bastante tempo em TP e precisamos observar.”

Lembro de perguntar diversas vezes se eu precisava me preocupar, e percebi que não respondiam minha pergunta. Só diziam que precisavam observar.

Fui para o meu 3º exame de cardiotocografia, e dessa vez me deram um botão para apertar caso o bebê mexesse.

Assim que o exame começou, Davi mexeu. E foi a última vez que eu pude senti-lo. A   partir desse momento, eu só tentava conter as lágrimas. O coração do meu menino estava ou baixo demais, ou alto demais.

Fechei os olhos para não ver mais.

Drª Júlia me disse o que eu já sabia.

“O que vi aqui não foi bom. Eu te indicaria a cesariana, tudo bem?”

A última lágrima desceu, e eu disse que sim.

Malila tentava conversar comigo, me perguntava se eu tinha dúvidas e a única dúvida que eu tinha era se era culpa minha.

Nesse momento você fica perdida. Sua cabeça fica cheia de “...e se?”.

E então a Drª Júlia me disse algo que até ecoa em minha mente e coração. 
Foi (e ainda é) o meu consolo.

“Não foi em vão. Nada aqui foi em vão. O Davi terá os benefícios do TP”.

E assim as perguntas cessaram.

Fui abraçada pelo meu marido que chorou junto comigo.
Nosso sonho de um parto natural não ia acontecer.

Drª Bruna me buscou e ainda brigou com a enfermeira que insistia em me colocar na cadeira de rodas.
“Grávida não é doente!” disse ela.

Lá, eu não me lembro de praticamente nada.
Lembro que a Drª Bruna começou a cantar (acho que foi uma música da Isadora Canto).
Lembro de levar um beliscão e dizer que doeu, e depois... eu apaguei (fui sedada).

A maior dor que carrego é de não ter visto meu filho nascer. Não segurei na mão do marido. Não pude olhar em seus olhos para o medo não tomar conta de mim. Eu simplesmente apaguei.

Eu carrego boas lembranças desse dia. Saber que meu filho veio na hora dele, isso me consola.
Saber que eu suportei 32hs de TP desde o início das dores, sendo 21:30hs de TP ativo, isso me orgulha.
E olhar o rostinho mais lindo do mundo, isso alivia um pouco.

Mas a dor de uma cesárea, a dor interna, nunca passa.





Davi nasceu dia 26/05/2014 (aniversário do meu casamento) às 13:32hs, com 3,690kg e 52cm. APGAR 9/10. Não foi amamentado na 1ª hora de vida, mas assim que abri os olhos, ele foi colocado em meu seio.

Foi defendido pelo seu pai. Não foi aspirado. Não teve Colírio de Nitrato de Prata em seus olhos. Não recebeu Vitamina K intramuscular. 


Obrigada, Deus... por me escutar, e atender, me consolar, me proteger. Sei que tudo o que encontrei, os profissionais maravilhosos que me atenderam não foi pura sorte. Foi tudo por Tuas mãos. E é tudo para Tua honra e glória.

Obrigada, amor... eu vi seu cansaço. Horas sem dormir para ficar junto comigo. Me abraçou, me deu a mão. Chorou comigo. Disse a todo momento que eu era forte e que tinha orgulho de mim. Sem você eu não conseguiria. Eu te amo.

Obrigada, Malila... que dom maravilhoso é esse que você tem! Te agradeço desde os olhares, as massagens, os 300 copos de água que foi buscar para mim. Será para sempre minha doula!

Obrigada, Drª Bruna Ortiz e Drª Júlia Fatorelli... em nenhum momento eu me senti forçada a algo. Mesmo fazendo a cirurgia, eu me senti respeitada para tomar a decisão que eu achasse correta. Vocês foram anjos na minha vida. Irei para sempre lembrar de vocês com carinho.

Obrigada, Davi... você me fez conhecer o amor mais puro que existe. Te amo, filho. PARA SEMPRE.



OBS: VBAC !!!!!!!!!!!!!

**VBAC - Vaginal Birth After Cesarean/Parto normal após cesárea
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